Nas paradas de manutenção trabalhadores próprios e terceirizados atuam em cenário de múltiplos riscos

Nas paradas de manutenção um verdadeiro exército de trabalhadores próprios e terceirizados atua em meio a um cenário de múltiplos riscos e prazos apertados, aquelas em que a produção raramente para e não há espaço ou tempo para troca de peças e vistorias de equipamentos. Todo esse processo fica concentrado no período de parada, que, geralmente, mobiliza milhares de trabalhadores internos e de empresas terceirizadas.

O trabalho é intenso e impõe a gestores e operários o desafio de conciliar a pressão pelo cumprimento do prazo da parada com a observação de normas e procedimentos de proteção aos trabalhadores em operações que, por vezes, expõem os funcionários a um mosaico de riscos simultâneos. Não raro, trabalhadores em paradas de manutenção estão, ao mesmo tempo, sujeito a agravos ergonômicos, além de riscos físicos e químicos. Tudo isso, enquanto trabalham principalmente em altura ou em ambiente confinado.

Entrar em tubulações, vistoriar peças de grandes proporções e conviver com o deslocamento de componentes pesados são ações comuns na parada, que exigem um articulado planejamento de gestão de riscos e a adoção de medidas preventivas precisas em atividades que não fazem parte da rotina da maior parte dos envolvidos.
A complexa proteção aos trabalhadores nas paradas vem mobilizando grandes indústrias, prestadores de serviço e auditores fiscais do Trabalho no aprimoramento da gestão de SST nas operações. Um trabalho que já coleciona avanços, mas ainda tem desafios a enfrentar.

É como se fosse uma olimpíada da manutenção industrial o que grandes unidades como refinarias e fábricas de celulose fazem ao interromper suas operações a fim de fazer vistorias e reposições de componentes em suas linhas de produção. Assim como no maior evento esportivo do mundo, milhares de pessoas vêm de lugares distintos para atuar no mesmo lugar, nas mais diversas modalidades. Soldadores, alpinistas industriais e caldeireiros são alguns dos profissionais que geralmente são mobilizados nas paradas, que chegam a reunir mais de 2 mil trabalhadores, por exemplo, em uma refinaria.

Tanta gente atuando no mesmo local e ao mesmo tempo representa um desafio para a condução dos trabalhos e um complexo quebra-cabeça para quem tem de fazer a gestão de SST nesses ambientes. Para encaixar essas peças, técnicos e engenheiros de Segurança do Trabalho precisam primeiro lidar com desafio típico desse tipo de operação: adotar medidas de prevenção e proteção em atividades e em ambientes que não fazem parte da rotina do trabalhador. Afinal, é comum que as companhias e empresas terceirizadas contratem trabalhadores temporários especialmente para atuar em uma determinada parada. Além disso, mesmo os trabalhadores efetivos da indústria convocados para atuar na parada também acabam desenvolvendo, nesse período, ações que não fazem parte do seu dia a dia de trabalho.

Fonte: João Guedes