O Brasil registra um acidente de trabalho a cada 45 segundos, de acordo com dados do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho.
São amputações, contusões, esmagamentos e fraturas. A maior parte desses acidentes são lacerações ou cortes. Nos últimos cinco anos, quase 45 mil trabalhadores sofreram alguma lesão do gênero.
É o caso da paraense Alcione Viana, que sofreu um acidente. “Eu trabalhava num açougue e um rapaz pediu para eu moer carne. Eu não tinha experiência nenhuma. Minha mão prendeu na máquina e arrancou meus dedos. Depois, eu tive que ir para o hospital fazer amputação”.
Mas se engana quem pensa que acidente de trabalho é apenas aquele que deixa sequelas no corpo. Depressão, síndrome do pânico e outras síndromes de ordem mental também se enquadram nesse conceito.
O procurador do Trabalho Leonardo Osório alerta para o risco de doenças relacionadas ao psiquê afastarem cada vez mais pessoas do ambiente de trabalho.
“A depressão, a Síndrome de Burnout, e outras doenças da saúde mental, inclusive é importante colocar que a Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que num futuro muito próximo a previsão é que em torno do ano de 2020 as doenças relacionadas à saúde mental serão a principal causa de afastamento no ambiente de trabalho”.
Com o advento da reforma trabalhista, o procurador diz que os acidentes de trabalho desse gênero podem ser cada vez mais recorrentes.
“Há possibilidade do trabalhador tá trabalhando 12 horas por dia. Jornadas de trabalho excessivas são causa de afastamento. Eu destaco, também, a jornada intermitente. O trabalhador, no trabalho intermitente, não sabe ao certo quanto vai receber no final do mês. Ele não sabe se vai trabalhar. Cria um subemprego muito grande. Hoje, tanto o desemprego como o subemprego eles são causa de aparecimento de doenças relacionadas ao sistema de saúde mental”.
Em tempos de discussão sobre reforma da Previdência, o procurador diz que é cada vez mais urgente investir em segurança do trabalho para evitar gastos previdenciários.
O Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho calcula que a Previdência tenha gasto mais de R$ 20 bilhões com benefícios a trabalhadores acidentados.