No Dia Mundial da Saúde Mental, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lembra a importância de empresas e gestores do mundo todo adotarem iniciativas que promovam o bem-estar físico e psicológico de funcionários no ambiente de trabalho.
“Durante nossa vida adulta, uma ampla proporção do nosso tempo é gasta no trabalho. Nossa experiência no local de trabalho é um dos fatores que determinam nosso bem-estar geral”, disse a OMS.
“Empregadores e gestores que adotam iniciativas para a promoção da saúde mental no local de trabalho e apoiam funcionários que têm transtornos mentais veem ganhos não apenas na saúde de seus funcionários, mas também em sua produtividade”, completou.
Segundo a OMS, um ambiente de trabalho negativo pode levar a problemas de saúde física e mental de trabalhadores, além do uso abusivo de drogas ou álcool, faltas e perda de produtividade.
Globalmente, mais de 300 milhões de pessoas sofrem com a depressão, principal causa de incapacidade. Mais de 260 milhões vivem com transtornos de ansiedade. Muitas dessas pessoas vivem com ambos os transtornos.
“A depressão e os distúrbios de ansiedade são transtornos mentais comuns que têm impacto em nossa habilidade de trabalhar e de trabalhar de maneira produtiva”, disse a agência da ONU.
Estudo recente liderado pela OMS estimou que os transtornos depressivos e de ansiedade custam 1 trilhão de dólares à economia global a cada ano em perda de produtividade.
A saúde mental no trabalho é o tema do Dia Mundial da Saúde Mental de 2017. O dia é lembrado em 10 de outubro, com o objetivo de alertar sobre o tema e mobilizar esforços para apoiar uma melhor saúde mental de todos.
Fatores de risco
O bullying e o assédio psicológico são frequentes causas de estresse relacionado ao trabalho e apresentam riscos à saúde de trabalhadores, lembra a OMS. Eles estão associados tanto a problemas físicos como psicológicos. As consequências em saúde podem ter custos aos empregadores em termos de produtividade reduzida e aumento da rotatividade de pessoal. Também podem ter impacto negativo nas interações familiares e sociais.
A ameaça do desemprego é outro fator de risco reconhecido que pode ocasionar problemas de saúde mental, enquanto retornar ou obter um emprego são considerados fatores protetivos.
A maior parte dos fatores de risco também está relacionada ao tipo de trabalho, ao ambiente organizacional e de gestão, às capacidades e competências dos funcionários, e ao apoio disponível a trabalhadores para realizarem seu trabalho. Por exemplo, uma pessoa pode ter as capacidades para concluir tarefas, mas poucos recursos disponíveis para fazê-lo, ou pode não ter apoio das práticas organizacionais ou de gestão.
Outros riscos para a saúde mental incluem políticas inadequadas de saúde e segurança; falta de comunicação e de práticas de gestão; participação limitada na tomada de decisões por parte dos funcionários ou baixo controle sobre uma área de trabalho; baixos níveis de apoio a funcionários; jornadas de trabalho inflexíveis; e falta de clareza na determinação das tarefas ou de objetivos organizacionais.
Os riscos também podem estar relacionados ao conteúdo do trabalho, como tarefas inadequadas às competências dos funcionários ou uma carga de trabalho elevada. Alguns empregos podem ter um maior risco pessoal que outros (por exemplo, o trabalho humanitário), o que pode ter impacto na saúde mental e provocar sintomas de transtornos mentais ou levar ao abuso de álcool e drogas psicoativas. O risco pode ser aumentado em situações onde há uma falta de coesão na equipe ou apoio social.
Criando um ambiente de trabalho saudável
Um elemento importante para criar ambientes de trabalho saudáveis é desenvolver legislação, estratégias e políticas governamentais sobre o tema, de acordo com a OMS. Ambiente de trabalho saudável pode ser descrito como aquele em que trabalhadores e gestores contribuem ativamente para o a promoção e proteção da saúde, segurança e do bem-estar de todos os funcionários.
Guia recente publicado pelo Fórum Econômico Mundial sugere que as intervenções nas organizações devem ter três abordagens: proteger a saúde mental reduzindo os fatores de risco relacionados ao trabalho; promover a saúde mental ao desenvolver aspectos positivos de trabalho e as habilidades dos empregados; enfrentar casos de problemas de saúde mental independentemente da causa.
O guia também enfatiza passos que as empresas podem tomar para criar um ambiente de trabalho saudável, incluindo: conhecimento sobre o ambiente de trabalho e sobre como ele pode ser adaptado para promover uma melhor saúde mental para diferentes empregados; aprender com as motivações de líderes organizacionais e empregados que tomaram atitudes nesse sentido; não tentar “reinventar a roda” e descobrir o que outras empresas fizeram.
Outras medidas incluem entender as oportunidades e necessidades dos empregados individualmente, ajudando a desenvolver melhores políticas para a saúde mental no ambiente de trabalho. O guia também sugere alertar funcionários sobre ferramentas de apoio e sobre onde eles podem encontrar ajuda dentro ou fora da organização.
Segundo a OMS, as intervenções de saúde mental precisam ser entregues como parte de uma estratégia integrada de saúde e bem-estar que cubra prevenção, identificação precoce, apoio e reabilitação.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) também tem um guia para ajudar as empresas a melhorar o ambiente de trabalho de forma a garantir a saúde mental de seus trabalhadores (clique aqui para acessá-lo, em inglês).
Apoiando pessoas com transtornos mentais no trabalho
A OMS lembra ainda que as organizações tem responsabilidade de apoiar indivíduos com transtornos mentais tanto para continuar como para retornar ao trabalho.
Muitas iniciativas podem ajudar indivíduos com transtornos mentais. Particularmente, a flexibilidade da jornada de trabalho, o redesenho do trabalho, o enfrentamento de dinâmicas negativas do ambiente e a comunicação sobre apoio confidencial podem ajudar pessoas com transtornos mentais a continuar ou retornar ao trabalho.
Além disso, o acesso a tratamentos baseados em evidências demonstraram ser benéficos para a depressão e outros transtornos mentais. Por conta do estigma associado a esses transtornos, os empregadores precisam garantir que indivíduos se sintam apoiados e capazes de pedir ajuda para continuar ou retornar ao trabalho, e tenham os recursos necessários para isso.
Fonte: ONU – Nações Unidas do Brasil