Para manter a sociedade funcionando 24 horas, cerca de 20% da força de trabalho do País, ou seja, em torno de 20 milhões de brasileiros trabalham à noite nas mais diversas atividades produtivas e de serviços: supermercados, farmácias, postos de gasolina, hospitais, aeroportos, transporte, produção de alimentos, siderúrgicas, entre muitas outras. Especialistas afirmam, no entanto, que trocar o dia pela noite, além de causar prejuízos para a saúde física e mental dessa população, aumenta o risco de acidentes principalmente devido a distúrbios do sono, que comprometem a capacidade cognitiva do trabalhador, ou seja, partes do cérebro que gerenciam as informações e o pensamento crítico ficam menos ativas, afetando o pensamento lógico e o desempenho.
“Dormir à noite não é uma convenção social”, afirma a professora Frida Marina Fischer, do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Ela explica que o ritmo biológico do organismo humano se comporta de forma diferente durante o sono noturno e o estado de vigília. “A troca de horários, portanto, pode causar sérios problemas de saúde, como fadiga, riscos cardiovasculares, transtornos digestivos, entre outros”, diz a especialista.
Estudos mostram que a fadiga é um risco operacional presente em muitos acidentes industriais, a exemplo do desastre nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. A exposição dos trabalhadores a longas jornadas de trabalho e sonolência excessiva resultou em um erro na operação dos sistemas de segurança, causando o acidente.
a professora Frida fala sobre A impossibilidade de adaptação do organismo humano ao trabalho noturno, os fatores que influenciam maior ou menor tolerância dos indivíduos à atividade noturna, bem como as recomendações para minimizar os danos à saúde física e mental, já que a sociedade 24 horas é uma realidade irreversível são abordados pela professora Frida numa entrevista feita pelo portal Podprevenir.